Manhã deste último domingo de janeiro do ano de 2022, a Praça do Ferreira foi mais uma vez, palco do Festival da Vaia ao Sol; fato este acontecido, de verdade, há exatos 80 anos: dia 30 de janeiro de 1942.
Durante o evento não choveu, porém, havia um certo receio que isso acontecesse, já que, choveu, quinta, sexta, sábado e ainda um pouco nesta manhã de domingo! Mas que nada! Tava lá o bichão todo se exibindo e pronto para ser vaiado! E como foi!
Vinte pessoas se inscreveram e participaram do Festival. A participação de cada um foi rápida, o bastante para se dirigir ao microfone e soltar o berro. Uns, com certeza, nem de microfone precisariam! Pense num povo pra gritar alto! Isso mesmo: gritar; porque a vaia quanto mais gritada, mais percebida é.
Os participantes foram: Herbston Freitas Robrigues, Rafael Aires de Souza, Raimundo Nonato de Oliveira, Sandra Durand, Mauro Torres Uchôa Filho, Pedro Porfírio, Antônio Régio Rodrigues Lima, Marjorie Cristine, Jorge Richie, Silvinho Gurgel, É Hoje, Sérgio Quixadá, Ramon da Silva, Cornélio Tavares, Amarildo Jucá, João Fábio, João Pedro, Paulo Soares, Gigante Isaac e Raul Monteiro.
Para a Final do Festival foram: Sandra Durand, Pedro Porfírio e Rafael Aires. E quem levou a melhor foi Sandra Durand, que botou a macharada toda no bolso. Ainda teve a participação de outra mulher: Marjorie Cristine. Quem ficou em 2° Lugar foi o garoto Pedro Porfírio. Rafael Aires, ficou em 3°.
O evento foi promovido Pelo Museu do Humor Cearense, Escritório do Riso, Teatro Chico Anysio, Sindicato dos Humoristas e Associação dos Humorista Cearenses. E quem comandou a festa foi o humorista Zebrinha.
Contada as vaias, entre apresentações e manifestações do público foi superada a marca de 80. 80 era a meta. Uma pra cada ano.
O humorista Tom Leite deu uma canja, e cantou uma quadrinha feita especialmente para falar da vaia ao sol.
Jader Soares, Zebrinha lançou um cordel, falando dos 80 anos da vaia. Iúúúúúúúúúúú!
O que é uma data importante? Depende do seu ponto de vista. Para o Humor do Ceará, o dia 30 de janeiro é uma data da maior importância, e que tem uma simbologia pra lá de irreverente. Foi neste justo dia que o povo, reunido, sem combinação prévia de local ou horário, resolveu vaiar o astro rei; que, na ocasião, parecia cansado e não mais queria dar o ar da graça. Sumiu por três dias, e quando apareceu, recebeu a sonora vaia. Coisa de cearense. Coisa que só acontece aqui. Coisa inusitada. Peculiar.
O local onde aconteceu o feito histórico não poderia ser outro: Praça do Ferreira, centro da molecagem cearense. O mesmo local onde circulou Quintino Cunha, Leota e Bode Iôiô. É lá também que tá fincado o Cajueiro da Mentira, com placa e tudo, onde acontece anualmente, dia 1º de abril, um Festival de Mentiras.
Neste 2022 o aniversário da Vaia ao Sol ganha um sabor especial por ser uma comemoração de data fechada: 80 anos. A vaia aconteceu no dia 30 de janeiro de 1942.
E o que acontecerá? Numa realização do Escritório do Riso, com apoio do Teatro Chico Anysio, Museu do Humor Cearense, Associação dos Humoristas Cearenses-ASSO-H e Sindicato dos Humoristas-SINDIHUMOR, os profissionais do riso vão estar na Praça as 11h, e entre brincadeiras, piadas e causos, vaiarão o sol por 80 vezes!
Acontecerá também o Festival da Vaia. Qualquer pessoa pode participar. Inscrição na hora do evento: DE GRAÇA. O Campeão ou campeã ganhará um CERTIFICADO COMEMORATIVO, e também uma grande vaia…
Ainda na ocasião, o humorista Jader Soares, que organiza o evento, lançará o Cordel 80 Anos da Vaia, que conta como tudo aconteceu. É a terceira vez que o humorista organiza esta festividade; sempre, de 10 em dez anos, a saber: nos 60, nos 70 e agora, nos 80 anos!
E se chover??? Tem problema nenhum… a gente vaia a chuva também!
Em janeiro de 2003, no Ceará Riso Fest, tive a honra de entregar a Chico Anysio uma Placa Comemorativa ao Dia ao Humorista.
Placa entregue a Chico Anysio.
Você não sabe não? Pois eu lhe conto, e é agora!
Vamos lá! A ideia de criação do Dia do Humorista surgiu de um estalo que tive, numa tarde qualquer no início do ano de 2003.
Estava eu, balançando-me numa rede de tucum, no Escritório do Riso, que é o escritório do Teatro Chico Anysio, do qual sou diretor, aí, num sei de onde me veio a indagação: “Se tem dia de tudo, por que não tem Dia do Humorista?”
De imediato, levantei-me da rede e corri para o computador. Redigi um ofício para a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, mais precisamente para o Deputado Artur Bruno, que era o Presidente da Comissão de Educação e Cultura da casa.
No ofício, a solicitação da criação do Dia do Humorista, onde indiquei o 12 de abril, como apropriado para tal. Motivo da escolha: Nascimento de Chico Anysio, o maior humorista do Brasil.
Para ampliar o engajamento da classe humorística nesta demanda, falei com vários colegas pessoalmente, e para outros, liguei, pedindo para assinar o ofício. Na realidade, não foi bem assinar, mas sim, autorizar que eu colocasse seus nomes no documento. E assim foi feito.
Depois da criação do Dia do Humorista, com publicação no Diário Oficial do Estado do Ceará em julho de 2003, passei a realizar um grande evento anual, na citada data, envolvendo pelo menos 40 humoristas por ano, num show que começa sempre as 16h e vai até 20h. A primeira vez que aconteceu o evento foi no ano de 2004, já que a Lei é de julho de 2003. De lá para cá, todo ano acontece. (esqueçam 2020 e 2021, que por conta da COVID não aconteceu). Depois da Lei estadual, veio a Lei Municipal (Fortaleza) e por fim a Lei Nacional (Brasil). Veja abaixo datas de suas publicações.
Lei Estadual nº 13.317 de 02/07/2003 (Ceará)
Lei Municipal nº 9518 de 23/10/2009 (Fortaleza)
Lei Federal nº 13.082 de 08/01/2015 (Brasil)
Como já falei, a Lei Estadual é do deputado Artur Bruno (sancionada pelo Governador Lúcio Alcântara). A Lei Municipal, da vereadora Eliane Novais (sancionada pela Prefeita Luiziane Lins) e a Lei Nacional do deputado José Airton, do Ceará (sancionada pela Presidente Dilma).
Em janeiro de 2003, no Centro de Convenções do Ceará, na abertura de um grandioso evento chamado: Ceará Riso Fest, do qual eu era o mestre de cerimônia, diante do público, e na presença de vários colegas humoristas, tive a honra de entregar a Chico Anysio uma Placa Comemorativa do Dia do Humorista. Ele se emocionou, viu?! E eu fiquei morto de feliz!
Jader Soares escreve aos domingos sobre Histórias do Humor Cearense, desde 02 de JAN de 2022
*Jader Soares é humorista, pesquisador de humor, escritor e diretor do Teatro Chico Anysio, Museu do Humor Cearense e Presidente da Associação dos Humoristas Cearenses.
Panela de sopa feita por mim! Tá pensando o quê!? KKKKK
E era boa, viu!?
Tinha até osso com tutano!
Ontem, primeiro domingo deste 2022, fiz uma sopa para o jantar, aqui em casa. Me garanto na cozinha!
Dificilmente; mas, dificilmente mesmo, a gente janta sopa por estas bandas. Num domingo então, nunca! Os meninos não são muito chegados. Mas fiz, e quando vi a danada na panela e no prato, lembrei demais da sopa que tinha, e ainda deve ter, no Galpão dos Feirantes de Massapê. Veja as fotos, se eu tô mentindo!
O Galpão foi construído na administração do Chico Lopes! Lembro demais. Serviu para abrigar as cafezeiras (era assim que a gente chamava), que tinham suas barracas, por sinal, muito mal instaladas e apertadas, nos arredores internos do nosso Mercado Público.
Antes, até meados da década de 1970, o espaço era um terreno baldio, e, de vez em quando, nas festas da Padroeira ou em período de férias, eram instalados ali, os Parques de Diversões.
A chegada dos parques era uma beleza. Mas, uma crônica sobre os parques, ficará para outro dia! O cardápio hoje é sopa!
A sopa do galpão tinha dois sabores: carme de gado ou galinha. Quando a bicha é fita de franco, a gente chama canja. A de carne era feita com a canela do boi! Era cada ossão… com tutano e tudo!
Dentre as cafezeiras que lembro, posso citar: Raimunda Matias, Raimunda Gorda e Ilda. Também tinha o Neguim e o Joveniano. Acho que o Joveniano trabalhava com a mãe dele!!!
Pois bem; além do bom café com pão e tapioca, feitos na cara do freguês, eles também atendiam a clientela com a tão famosa e saborosa sopa! Dia de feira, então, botavam mais água no sopão, porque, além de atender aos clientes da cidade, tinha o povo que vinha do interior: de bicicleta, no lobo de jumento, ou, mais, e principalmente, no caminhão pau-de-arara, comendo poeira nas estrada de barro. Vinha gente de todo canto: São Luiz, Tangente, Pé da Serra, Mirim, Mumbaba, Remédio, Gregório… eita!
E como hoje é dia 3 de janeiro, primeira segunda-feira de 2022, que tal ir tirar a ressaca das festas de fim de ano tomado um pratão de sopa no Galpão dos Feirantes de Massapê?!
Prato com sopa que fiz!
Jader Soares escreve às segundas-feiras SOBRE MASSAPÊ, neste Blog, desde o dia 13 de DEZ de 2021.
Chico Anysio, a maior referência do humor brasileiro
Senhoras e senhores, feliz 2022!
Hoje é o segundo dia do novo ano que se inicia. Um domingo. Dia chuvoso em todo o estado do Ceará. Nos corações e nas mentes de cada cearense é perceptível um ar de esperança! Todo ano novo é assim! Mas, na verdade, para ser sincero, nos meus 59 anos de perambulagem neste mundo de meu Deus, tô achando que desta vez, isto está mais nítido. Porque, também é notório que 2021 não foi lá estas coisas todas! Ano duro. Fuleiragem, mesmo! Ano de perdas de padrão econômico… e vidas. Vidas que se foram, principalmente: ‘fora do combinado’; isso, devido à COVID-19, que anda nos matando no mundo todo! Mas, estamos, quase todos vacinados, e vivos, e isso já é um grande motivo para estamos felizes!
Então, vamos nós!
E vou começar prometendo! Porém, apesar de ser um ano eleitoral, é bom que fique claro: não serei candidato a nada! Diante disso, prometo (e espero que não seja daquele tipo de promessas de início de ano…) escrever e publicar no Blog do Zebrinha, em todos os domingos de 2022, um texto contando Histórias do Humor Cearense. A publicação se dará quase sempre as 9h, que é para o domingo nascer feliz!
Este primeiro texto é genérico; meio que uma apresentação do que virá.
Acredito, que possa vir a ser interessante a algum curioso, falar sobre esta arte de fazer graça, tão entranhada e latente na alma e no coco do povo cearense. Quero falar do que vi e vejo nos bastidores dos shows e espetáculos humorísticos realizados nos 365 dias do ano na terra de Chio Anysio. Falar da minha experiencia como humorista, tanto no palco, como fora dele.
Não há aqui, necessariamente a intenção de fazer rir! É bem certo que, você encontrará motes e motivos para tal; porém, mesmo nosso conteúdo sendo sobre humor, algumas crônicas poderão até lhe levar às lágrimas… Afinal, a intenção não é contar piadas, mas sim Histórias do Humor Cearense.
Jader Soares escreve aos domingos sobre Histórias do Humor Cearense, desde 02 de JAN de 2022