Hoje, 9 de março de 2012 completa 512 da saída de Pedro Álvares Cabral, lá de Portugal pra cá. Me lembro como se fosse hoje! Aliás, eu também vim com ele; mas, quase que perco a viagem. Passei na casa de Cabral e perguntei a D. Isabel de Castro, mulher dele:
– Cadê o Pedim?
– Saiu.
– E ele foi pra onde numa hora dessa?
– E num foi descobrir o Brasil!?
Falei: “Falha-me Deus do céu! É mesmo! É hoje!”
Taquei o pé na carreira e me mandei pra o Rio Tejo. Foi de lá que saímos.
O Rei era o Dom Manoel I, que entregou ao Cabral a Bandeira da Ordem de Cristo. A frota tinha dez naus e 03 caravelas e 1500 machos. O destino: Índia, lá no Oriente… Só que eu e o Cabral éramos os únicos que sabíamos que primeiro, tínhamos que dá uma passadinha pra descobrir o Brasil
Um dia antes, 08, foi realizada uma missa na capela de Belém, celebrada pelo bispo de Ceuta, D. Diogo de Ortiz, meu chapa.
O navio de Gaspar de Lemos foi que trouxe o rango, pra abastecer os outros navios durante a viagem.
No dia 22 de abril gritei: “Terra a vista!”
Cabral me perguntou:
– Zebrinha, sabe que terra é esta?
– Rapaz, eu acho que a Bahia.
– Mas, por quê?
– Tá vendo não que os índios só andam de três em três…
– E o que é que isso tem a ver?
– Ora mais! É que aqui é a terra do Trio.
– E o que biabo é Trio?
– Daqui a 500 anos eu lhe explico!
No domingo, dia 26/04, no Ilhéu de Coroa Vermelha, celebramos a 1ª missa no Brasil. Eu falei “celebramos”, mas na realidade eu só fui Coroinha. Quem celebrou mesmo foi o meu primo Frei Henrique Soares, lá de Coimbra.
No dia 1º de Maio, Dia do Trabalho, o cemércio todo fechado, celebramos a 2ª missa; e no dia 02, num sábado, dia de feira, claro! nos mandamos para a cidade de Calicute, na Índia.
Ficaram aqui dois sujeitos que desertaram da nau Capitânia e mais dois degredados “cabras bons”, que tinham praticado uns delitos em Portugal. Estes últimos dois botaram o maior boneco. Queriam ficar não. Falei: “que conversa é essa numa hora dessa, rapaz!
O navio de Gaspar de Lemos, que veio com a nossa comida voltou para Portugal, levando para o Rei a Carta que eu ditei e o Pero Vaz de Caminha escreveu. Nela falei sobre o “achamento” do Brasil
Cabral tinha 33 anos.
Saindo de Portugal dia 9 de março de 1500, e só retornando dia 21 de julho de 1501, demorou um ano e 4 meses no meio do mundo. Das 13 embarcações, apenas 6 retornaram à Portugal. O mar era brabo como o diabo!